Psicóloga Marta Bonfim explica as cinco fases do luto e destaca a importância de reconhecer e validar os sentimentos durante o processo
O luto é uma experiência universal que pode ser desencadeada por diversas formas de perda, como a morte de um ente querido, uma separação ou até mesmo a perda de um emprego. Compreender o processo de luto e suas fases pode ajudar a lidar melhor com esses momentos difíceis. A psicóloga clínica e neuropsicóloga Marta Bonfim, especialista em luto e processos emocionais, esclarece as cinco fases do luto propostas pela psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross em 1969, e oferece orientações sobre como enfrentar essa jornada emocional.
De acordo com Marta Bonfim, o luto é dividido em cinco fases principais, mas é importante lembrar que cada pessoa vivencia essas etapas de maneira única. “As fases do luto não seguem uma ordem fixa e nem todos passam por todas elas. O processo é individual e pode variar significativamente de uma pessoa para outra”, destaca a psicóloga.
Negação
“A primeira reação ao luto é muitas vezes a negação. É difícil acreditar que a situação traumática realmente aconteceu. A negação funciona como uma defesa psicológica que pode se manifestar em sentimentos de choque ou estupor”, explica Marta Bonfim.
Raiva
“Conforme a negação diminui, a dor do luto emerge, trazendo consigo sentimentos de raiva. Essa raiva pode ser direcionada a outras pessoas, a Deus, a si mesmo ou à situação em si. É uma forma de tentar encontrar alguém ou algo para culpar pela dor”, acrescenta.
Barganha
“Na fase de barganha, as pessoas tentam fazer acordos na tentativa de evitar a dor. Por exemplo, alguém pode prometer ser uma pessoa melhor se o evento traumático puder ser revertido. É uma maneira de tentar retomar o controle da situação”.
Depressão
“Sentimentos de desamparo e desesperança podem surgir durante a fase de depressão. O indivíduo pode sentir-se profundamente triste, preocupado com a situação presente e com o futuro. Este é um momento em que a realidade da perda se torna mais evidente”, diz a especialista.
Aceitação
“A aceitação é a fase em que o indivíduo começa a aceitar a realidade da sua situação. Isso não significa que a pessoa está bem com o que aconteceu, mas que está aprendendo a viver com isso. É uma fase de adaptação à nova realidade”.
Marta Bonfim enfatiza que as fases do luto não são uma receita linear e que cada pessoa pode vivenciá-las de forma diferente. “Algumas pessoas podem pular uma fase, outras podem vivenciar uma fase várias vezes, e outras podem não passar por todas elas. O importante é reconhecer e validar os sentimentos em cada estágio do luto”, orienta a psicóloga.
Estratégias de Enfrentamento e Suporte
Compreender essas fases pode ajudar a adotar estratégias adequadas de enfrentamento e suporte. Marta Bonfim sugere algumas abordagens:
Buscar apoio emocional: Falar sobre os sentimentos com amigos, familiares ou um profissional pode ser muito benéfico. O apoio emocional é fundamental para o processo de cura.
Participar de grupos de apoio: Grupos de apoio podem proporcionar um espaço seguro para compartilhar experiências e aprender com a vivência de outras pessoas que estão passando por situações semelhantes.
Praticar o autocuidado: Cuidar da saúde física e mental através de práticas como exercícios, alimentação saudável e técnicas de relaxamento pode ajudar a lidar com o estresse do luto.
O luto é um processo complexo e profundamente pessoal. Reconhecer e compreender as fases do luto pode ajudar a validar os sentimentos e encontrar maneiras de enfrentar a perda de maneira saudável. “Não existe um caminho único para o luto, mas compreender suas fases pode ser um passo importante para encontrar paz e aceitação”, conclui Marta Bonfim.
Fonte: Marta Bonfim, Psicóloga Clínica, Neuropsicóloga, Educadora Parental, Embaixadora da Proteção à Infância e Juventude Master ESEPAS.
Foto: Acervo Pessoal | Divulgação